1 de janeiro de 2014

REDES SOCIAIS


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23 de agosto de 2013

A INVEJA DOS OUTROS


Na cultura do Facebook, o valor social de cada um se confunde com a inveja que ele suscita.

Anos atrás, decidi que, salvo necessidade absoluta, em voo internacional, eu não viajaria mais de classe econômica. Quando não posso pagar pela executiva, é simples: não viajo.
A passagem de executiva dá direito ao uso de uma sala de espera confortável, que no Brasil é chamada de sala VIP (sigla de "very important person", pessoa muito importante). Há um quê de idiota na ideia de que alguém se torne importante por pagar uma passagem mais cara que os outros.

Mas o que me interessa agora é o fato de que os passageiros de classe executiva, confortavelmente instalados na sala VIP, poderiam esperar até o fim do embarque da classe econômica; aí eles iriam ao portão já esvaziado e subiriam no avião.

Não é o que acontece. Convidados a embarcar antes dos outros, eles entram no avião sob o olhar dos passageiros de classe econômica e ocupam seus assentos espaçosos, situados na parte da frente da aeronave, de forma que os passageiros de econômica, a caminho de suas poltronas-suplício, são obrigados a contemplar o privilégio dos que já estão instalados na executiva.

Por que essa irracionalidade? É que o passageiro de executiva não compra apenas um tratamento mais humano e um espaço compatível com as formas médias de um corpo: ele compra também a experiência (desejável, aparentemente) de ser objeto da inveja dos outros.

Numa recente viagem à Europa, eu já estava instalado na executiva, tomando suco e lendo um livro quando uma senhora chinesa, a caminho de seu lugar na econômica, passou do meu lado e espirrou molhada e barulhentamente em cima da minha cabeça. Por sorte, não era época de gripe aviária. Mas é isto: a inveja é uma mistura de idealização, amor e ódio.

Circulando de madrugada, passo pela entrada de uma balada. Há uma longa fila de espera, há seguranças imponentes e há uma "hostess" que escolhe quem pode entrar. Em Nova York, entram até desconhecidos, se forem bizarros, interessantes e decorativos. Em São Paulo, parece que a lista de clientes VIPs é soberana. Os outros esperam noite adentro, tentando ganhar a simpatia da "hostess". Vale a pena? O que acontecerá se eles forem admitidos? Pois é, será uma noite sensacional: eles tirarão fotos que postarão no Facebook e no Instagram.

Em geral, com as fotos, eles esperam receber a mesma inveja que eles destinam aos VIPs: por isso, exibirão poses parecidas com o que eles imaginam que os VIPs (os que entraram na balada há tempos) fazem quando se divertem (loucamente).

E o que fazem os VIPs? Pois é, essa é a parte mais estranha: os VIPs imitam as poses dos que os invejam e imitam, pois, eles constatam, essas são as poses que mais suscitam inveja.
De fato, na balada, muitos, VIPs e mortais comuns, apenas esperam a ressaca de amanhã. Mas, no círculo vicioso da inveja, a experiência efetiva é irrelevante; não é com tal ou tal outra vida e história concretas que se sonha: sonha-se ser o que os outros sonham.

A inveja é, por assim dizer, uma emoção abstrata: o privilégio não precisa dar acesso a uma fruição especial da vida (sensual ou espiritual, tanto faz), ele só precisa suscitar inveja. Ou seja, privilégio não é o que faço ou o que acontece de extraordinário em minha vida, mas o olhar invejoso dos outros.

Nesse mundo, em que a inveja é um regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros. Por exemplo, o que conta não é "ser feliz", mas parecer invejavelmente feliz.

Nesse mundo, o ter é mais importante do que o ser apenas porque, à diferença do ser, o ter pode ser mostrado facilmente. É simples mostrar o brilho de roupas e bugiganga aos olhos dos invejosos. Complicado seria lhes mostrar vestígios de vida interior e pedir que nos invejem por isso.

O Facebook é o instrumento perfeito para um mundo em que a inveja é um regulador social. Nele, quase todos mentem, mas circula uma verdade de nossa cultura: o valor social de cada um se confunde com a inveja que ele consegue suscitar.

Comecei a escrever essa coluna depois de assistir a "Bling Ring: A Gangue de Hollywood", de Sofia Coppola (uma tradução por "Bling Ring" seria "A Turma do Deslumbre"). A não ser que outro tema se imponha com força, voltarei a falar sobre o filme. Mas digo já: saí do cinema muito feliz por não ter levado nenhum adolescente comigo (respeitando a indicação para acima de 16 anos).

17 de junho de 2013

Direitos X Violência #MudaBrasil

Coletânea de imagens de momentos marcantes entre o povo e a polícia nos protestos contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, que serviram de inspiração para que um grande número de brasileiros saíssem para as ruas e lutassem pelos seus direitos.

Fiz esse vídeo pra exaltar as pessoas que estavam protestando pacificamente e pra repudiar os policiais que naquele momento usaram de violência gratuita.

#AcordaBrasil #ChegaDeCorrupção #Direitos #DoiEmTodosNós #MaisEducação #MaisSaúde #ManifestaçãoPacífica #MudaBrasil #OGiganteAcordou #Ordem #PovoNasRuas #ReformaPolíticaJá #VemPraRua #ProtestoSP #ViolênciaNão

OBS: Caso seja o autor de uma ou mais fotografias que fazem parte deste vídeo, por favor entre em contato que colocarei seus créditos.

11 de maio de 2013

12 RAZÕES QUE NOS IMPEDEM DE AMADURECER DE FORMA PLENA


Por que é tão difícil tornar-se adulto?

1ª - Porque é muito mais fácil culparmos os outros do que nos responsabilizarmos por nossas escolhas e atitudes.

2ª - Porque é muito mais fácil vivermos com nossas ilusões do que encararmos a realidade.


3ª - Porque é muito mais fácil buscarmos alguém que cuide de nós, que aceitarmos que cabe só a nós cuidarmos de nós mesmos.


4ª - Porque precisamos aceitar que não controlamos a vida e que cabe a nós somente aceitar e responder ao que ela nos traz.


5ª- Porque precisamos ter clareza que não somos "donos" dos outros e o que nos cabe é aceitar e viver com aquilo que eles decidem sobre a vida deles.


6ª - Porque é muito difícil aceitar que a vida não está contra ou a nosso favor, ela é somente a vida e acontece sem que o que pensamos ou queremos seja levado em conta.


7ª - Porque é muito mais fácil nos sentirmos vítimas do que protagonistas da nossa história.


8ª - Porque é muito difícil perceber que o mundo não "gira ao redor do nosso umbigo".


9ª - Porque não é fácil aceitar que a vida não nos deve nada, que ela não é justa ou injusta e que sermos "bonzinhos" não nos garante um passaporte contra o sofrimento.


10ª - Porque é difícil lidar com a constatação que existe um "espaço vital" existencial em que somos absolutamente sós, e nesse, ninguém pode nos fazer companhia.


11ª - Porque precisamos aceitar, sem reclamação ou revolta (que são absolutamente inócuas, ou pior, contraproducentes) que a vida é feita de luz e sombra; de perdas e ganhos.


12ª - Porque precisamos aceitar que não existe essa coisa de verdade absoluta e que cabe a nós decidirmos nossas escolhas em uma "nuvem" de ambiguidade e incertezas.

São inúmeras as razões; sim, é difícil tornar-se adulto. E, claro que adulto no sentido pleno, em termos não só físico, que todos se tornam, mas do ponto de vista psicológico, social, ético e espiritual.
Tornar-se adulto no seu sentido completo parece, de fato, algo muito difícil, penoso, sofrido e coisa rara hoje em dia: nossa cultura infantilizada e massificada não ajuda em nada. É por isso que vemos tanta gente com 30, 40, 50 anos agindo como adolescentes ou até mesmo como bebês, emocionalmente falando!
Tornar-se de fato um ser humano adulto é uma escolha, uma busca, um processo e uma conquista. É ao aceitarmos a vida nos seus próprios termos e de nos tornarmos pessoas de fato maduras, que adquirimos a posse da liberdade de buscar sermos nós mesmos em nossa plenitude. É ao dizermos SIM à nossa condição humana e a nosso processo de crescimento e maturidade que tomamos a vida em nossas mãos e podemos usufruir a aventura de estarmos realmente VIVOS.
Cristina Balieiro

3 de abril de 2013